CANOS DE ALMA LISA OU RAIADOS

Canos Raiados versus Alma Lisa

O movimento de rotação aplicado no arremesso de uma bola de futebol americano
 é muito semelhante ao efeito causado no projétil pelo cano raiado

Embora cartuchos de fuzis, armas curtas e espingardas operem com base no mesmo princípio geral para disparar seus projéteis, estes se comportam de formas diversas ao sair do estojo e iniciar sua trajetória ao longo do cano da arma. A parte interna do cano denomina-se alma.

Cano raiado

Durante o século XVI, descobriu-se que umas séries de ranhuras atritavam-se contra a superfície do projétil, fazendo com que este girasse ao passar pelo cano. Este movimento giratório auxiliava a estabilização do projétil e impedia que projéteis alongados se desalinhassem ao sair do cano.

Este sistema de ranhuras em espiral tornou-se conhecido por “raiamento”.

Os canos raiados quase que universalmente são usados hoje em dia nas armas militares, e vocês podem estar certos de que os fuzis utilizados em atividades desportivas possuem ranhuras talhadas em suas almas. As armas curtas também possuem canos raiados. Na verdade, a maioria das armas projetadas para disparar um único projétil a cada tiro faz uso das vantagens do giro de estabilização oferecido pelos canos raiados.

Embora o raiamento funcione bem para os projéteis cilíndricos alongados empregados atualmente, ele não é indicado para armas destinadas a dispara cargas de chumbo. Uma carga típica de espingarda de caça contem centenas de pequenas esferas que deforma com facilidade caso sejam forçadas através de um cano raiado. Além disto, estas pequenas bolas de chumbo tendem a se achatar e a se acumular na ranhuras do raiamento e sua remoção no momento da limpeza da arma é difícil.

Fonte: Clair F. Rees 1988

Steve Lee

Steve Lee é um cantor de música country australiano apaixonado por armas, que tem como tema corriqueiro de suas músicas armas e mais armas.

CARTUCHOS MODERNOS

Projétil moderno atingindo uma superfície dura em câmera lenta

Os cartuchos modernos utilizados em fuzis, armas curtas e espingardas operam obedecendo a um mesmo princípio. Basicamente, um cartucho consiste em um estojo, que pode ser confeccionado em latão ou outro metal mole, uma combinação de metal e plástico, ou latão e papel encerado, uma carga de pólvora propulsora e uma espoleta pa incendiar a carga principal. Finalmente, existe algum tipo de projétil a ser expelido da arma. Geralmente, o projétil é uma bala ou carga de chumbo única, em cartuchos projetados para uso em fuzis espingardas (embora nem sempre seja verdadeiro). Da mesma forma cartuchos para espingardas geralmente contêm varias centenas de pequenas esferas de chumbo ou liga de metal mole. Esta regra não é absoluta, pois existem munições de espingardas que disparam um único projetil de chumbo, ou balote para caça ao veado, da mesma forma que existem cartuchos carregados de esferas de chumbo que podem ser usados em fuzis ou armas curtas.

Comparação de munições já deflagradas
 de fogo circular e fogo central

Quase sem exceção, os cartuchos das modernas armas desportivas utilizam um destes dois tipos de mecanismo de espoleta: de fogo circular ou de fogo central. Uma espoleta para fogo circular é parte integrante do próprio estojo, com o composto (misto) iniciador contido na borda existente na base do estojo. A ignição ocorre através do esmagamento desta borda, entre o percursor e a face da câmara na qual o cartucho é carregado.  As espoletas de fogo central geralmente consistem em um pequeno recipiente de metal (normalmente de latão) contendo um composto iniciador explosivo. Como parte da espoleta deve ser esmagada para que este composto detone, uma bigorna de metal é usada para dar ao percussor uma superfície de escora. Diferente dos cartuchos de fogo circular, as espoletas para fogo central não são parte integrante do estojo, mas se encaixam firmemente em um rebaixo (bolsa) localizado no centro da base do estojo (daí, a expressão “fogo central”). Estas espoletas são mantidas em posição apenas por contato das paredes, portanto um encaixe justo é condição essencial.

O corpo do estojo pode ser reto, embora muitos cartuchos modernos de fuzil se afunilem na porção dianteira. 

Fonte: Clair F. Rees 1988

PISTOLAS

Funcionamento de uma pistola

As armas curtas semiautomáticas, com frequência denominadas de automáticas ou pistolas, apresentam um mecanismo de movimentação do ferrolho, o qual desliza para a frente e para trás ao longo da armação. Os cartuchos são contidos num carregador de caixa denominado simplesmente carregador ou, popularmente, “pente”, geralmente localizado no interior do cabo da arma. Algumas pistolas possuem um cão externo que pode ser engatilhado por pressão do polegar, embora esse tipo de cão seja muito menor do que o encontrado nos revólveres. 

Outras pistolas não possuem cão, isso significa apenas que esta peça do mecanismo de disparo está encerrada no ferrolho. Estas pistolas geralmente são engatilhadas puxando-se o ferrolho para trás e em seguida liberando-o. Este ato também retira um cartucho do carregador e o coloca na câmara, onde fica pronto para o disparo. Algumas pistolas (com percussores do tipo inercial) podem ser transportadas com o cão abaixado de encontro a um cartucho, pois o percussor não toca a espoleta e, para dispara-las, basta puxar o gatilho. Como os revólveres de operação semelhante, estas armas são denominadas pistolas de ação dupla. As pistolas automáticas cujo cão deve ser puxado antes do primeiro disparo denominam-se pistolas de ação simples.
Fonte: Clair F. Rees 1988

Pistolas Luger

ARMAS CURTAS E O REVÓLVER

Revólver de ação dupla disparando

ARMAS CURTAS

É mais fácil identificar as armas curtas devido ás suas dimensões reduzidas e ao fato de possuírem um pequeno cabo ou empunhadura destinada a se encaixar na mão do atirador. A maioria das armas curtas tem cano de 2 a um máximo de 8 polegadas de comprimento, embora existam exceções.

As armas curtas podem ser classificadas em três categorias básicas, ou tipos de sistema: revólver, semiautomática ou de tiro único (monótiro). 

Os revolveres são facilmente identificados pelo tambor giratório montado no centro da armação da arma. Este tambor contém comumente cinco ou seis câmaras alinhadas com o cano, uma de cada vez, à medida que o mecanismo de disparo é acionado. 

Os revólveres em geral possuem um cão externo, normalmente contendo alguma forma de superfície de contato raiada ou serrilhada para que possa ser facilmente engatilhado pelo polegar do atirador. Os revólveres cujo cão deve ser engatilhado antes do disparo são denominados de ação simples, enquanto aqueles que podem ser disparados simplesmente apertando-se o gatilho são conhecidos como revólveres de ação dupla.

Fonte: Clair F. Rees 1988

ESPINGARDAS

Espingarda  do tipo pump

Assim como os fuzis as espingardas são projetadas para serem disparadas apoiadas no ombro, e elas também apresentam uma coronha longa pare se encaixar nesta parte do corpo. Existem espingardas de cano duplo, de ação “pump” , de ferrolho, de tiro único e semiautomáticas, bem como fuzis construídos com base nestes mesmo tipos de ações. Estas semelhanças talvez confundam o atirador iniciante, que poderá ter problemas para diferenciar os dois tipos de arma.

Embora fuzis e as espingardas se assemelhem, há varias maneiras fáceis de distingui-los. Por exemplo, as espingardas geralmente possuem canos muito mais grossos, com boca de diâmetro muito maior. Outra característica é que enquanto os fuzis quase sempre possuem massa de mira alça de mira independentes ou algum tipo de mira telescópica montada no cano, as espingardas geralmente possuem apenas uma única massa de mira pequena, fixada próximo da boca do cano ( algumas vezes uma segunda massa ainda menor será fixada no meio do cano). Muitas espingardas possuem também uma plataforma elevado ou “fita” montada sobre o cano em toda sua extensão.

Cartuchos de calibre 12 com suas diferentes cargas de chumbo

As espingardas são projetadas para dispara várias centenas de pequenas esferas sobre o alvo, de uma só vez, e possuem almas lisas ao invés de raiadas. Já que as pressões internas provocadas pelo disparo de um cartucho de espingarda são muito mais baixas do que as geradas por um cartucho de fuzil de alta potência, a parede do cano de uma espingarda geralmente é mais delgada do que a de um fuzil.




Diferentemente dos fuzis, as espingardas são apontadas, e não miradas com precisão, e, uma vez que o alvo em geral está em movimento, a arma deverá estar também em movimento no momento do disparo. Os atiradores que utilizam fuzis tentam atira num alvo estacionário e fazem o possível para eliminar ate mesmo mais ínfimo movimento ao apertar o gatilho.

Algumas espingardas possuem dois canos montados em conjunto, lado a lado ou fixados um sobre o outro. Há muito poucos fuzis que apresentam essa disposição, e algumas combinações fuzil-espingarda (com um cano raiado fixado a um cano de alma lisa) podem ser encontradas, mas a maior parte das armas de cano duplo é constituída por espingardas de caça.
Fonte: Clair F. Rees 1988

Barack Obama disparando uma espingarda de cano duplo

FUZIS, RIFLES E CARABINAS

Fuzil semiautomático sendo disparado

Confiram a seguir a definição de fuzis segundo o autor Clair F. Rees.

Fuzis são armas que apresentam raiamento em suas almas. Uma vez que os canos das armas curtas são também raiados, é preciso definir melhor para excluir essa categoria de armas.

Vamos definir o fuzil como uma arma que apresenta cano raiado, equipada com coronha, para ser apoiado ao ombro. Já que possuem canos maiores e são mais pesados do que as armas curtas, a maioria dos fuzis exige que o atirador use as duas mãos para operá-los.

Rifle do tipo ação de alavanca

Os fuzis podem ser classificados pelo tipo de sistema de ação – Ferrolho, alavanca, tiro único, pump, semiautomático, - e quanto à utilização a qual se destinam. Assim existem fuzis para caça a pequenos animais ou grandes animais e aqueles destinados apenas ao tiro ao alvo além dos militares. Uma classificação arbitrária independente é feita também para fuzis com canos de comprimento inferior a 22 polegadas: a eles se dá o nome de carabina.

O autor não faz referência a palavra Rifle mas, podemos entender que rifles e fuzis são a mesma arma.